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    Adriane Galisteu 

25 de agosto de 1999

No Castelo de CARAS, ela fala do final de seu casamento com Roberto Justus
Chegou ao fim o casamento de Adriane Galisteu (26) e Roberto Justus (44) depois de oito meses de muito amor, planos e uma crise grave. Há dois meses, desde que estreou no teatro com a peça Deus Lhe Pague, dirigida por Bibi Ferreira, a modelo e apresentadora vinha enfrentando dificuldades de relacionamento com o marido. Os inúmeros compromissos profissionais não lhe permitiam desfrutar ao lado dele o apartamento de 1 milhão de dólares montado para ser o cenário daquele amor que nasceu arrebatador, atropelou o noivado e foi direto ao altar. "Meu sonho sempre foi ter uma família, filhos. A última coisa que queria era a separação. Minha vida parece uma montanha-russa, mas essa é uma das fases mais difíceis", declarou ela, com os olhos verdes cheios de lágrimas. Adriane está muito triste. Na última sexta-feira, 20, passou a tarde inteira conversando com Justus, publicitário e presidente da agência NewcommBates do Brasil, na tentativa de superar os desacertos. "O amor não acabou, mas não há mais a chance de vivermos juntos. Tentei muito, não tenho vergonha de dizer, mas não posso ser a mulher que o Roberto precisa."
Aproveitando uma semana de folga no teatro, há 15 dias Adriane viajou com sua mãe, Emma (58), para Roma e Paris e visitou o castelo de CARAS, no vale do Loire. "Foi uma viagem para relaxar, fugir das tensões. Estava esgotada e consegui momentos para reflexão, para procurar entender o que acontecia conosco." Apesar de desolada, ela não se lamenta e consegue ver por que seu sonho chegou ao final. "Na minha ingenuidade acreditei que poderia conciliar meu momento profissional com o casamento. Achava que comigo iria ser diferente, que teria energia suficiente para dar conta dos compromissos como atriz, modelo, apresentadora e esposa presente e carinhosa. Perdi o homem que mais me enlouqueceu." Mas arrependimento não é palavra que conste no dicionário de Adriane, e ela fez a opção por seu trabalho. "Quando começamos a sair, expliquei ao Roberto que ele nunca deveria tentar me mudar, que sempre seria uma mulher livre, que me guiava pelos meus impulsos." Ele entendeu, e ela relaxou até porque o publicitário era tudo o que a modelo esperava de um homem: tranqüilo, mais velho, um porto- seguro, alguém que lhe dava colo no meio do turbilhão. Adriane só não contou com as dificuldades que ele teria em lidar com a invasão de sua privacidade ao se casar com uma pessoa pública. "No começo, Roberto até gostou de ver seu nome na imprensa, de ser tão procurado. Eu já estava acostumada, não me sinto invadida e achei que, por estar comigo, ele também se adaptaria a tudo isso." A gota d’água na crise de seu casamento foi uma insinuação, publicada em pelo menos três jornais de que ela estaria vivendo um affair com o nadador Fernando Scherer, o Xuxa (24). "Claro que isso é uma mentira. Jantei duas vezes com o Fernando e outras pessoas no restaurante Spot e almocei com ele e outros amigos no Ritz, mas nem o conheço direito. Se existisse alguma coisa, a gente iria se esconder e não sair em público. As pessoas aproveitaram que meu casamento estava em crise para fantasiar. Eu tiro de letra. Mas o Beto sofreu muito com essa história mentirosa, tem pais, irmãos, filhos para dar satisfação. Sei que ele acredita em mim, mas não posso exigir que ele e a família dele aprendam de uma hora para outra a lidar com esse tipo de situação que eu mesma levei anos para aprender e fui entendendo na marra." Em seu apartamento nos Jardins, em São Paulo, Adriane deu a seguinte entrevista a CARAS.
— Você diz que não conseguiu ser a mulher que Roberto queria. Que mulher ideal é essa?
— Ele queria uma mulher que estivesse em casa nos horários normais. Que jantasse com ele às 20 horas e viajasse para o sítio nos finais de semana. Janto à meia-noite, depois da minha peça. Muitas vezes ele me acompanhou, mas no outro dia tinha que estar antes das 9 em sua empresa. Nesse período, ganhou novas contas, não pode abrir mão do seu trabalho, nem eu, do meu. Em plena lua-de-mel, começamos a vivenciar essa dificuldade gigante: a falta de tempo para ficarmos juntos porque eu ou estava no teatro, ou gravando, ou viajava para apresentar eventos, divulgar minha linhas de produtos.
— A falta de tempo provocou a separação?
— Foi. Nossa vida profissional estava e está maravilhosa, mas a afetiva ia tropeçando, completamente capenga. Roberto torcia por mim, para que tudo desse certo, para que me saísse bem no teatro, mas sabia que isso nos afastaria ainda mais. Ficava dividido entre a cruz e a espada. Ele queria que eu trabalhasse menos. E eu estava querendo aproveitar o meu momento, só queria trabalhar mais. Sou jovem, estou cheia de gás, quero chegar ao meu ápice. Há um descompasso porque ele já chegou ao topo de sua carreira e está no momento de desfrutar tudo que conquistou.
— Quando se casaram, vocês acreditavam que seria fácil conciliar?
— Com nosso amor achamos que éramos poderosos para qualquer coisa. A idéia de que não teríamos uma rotina convencional parecia atraente, promissora: sempre estaríamos morrendo de saudade um do outro. Acontece que essa falta de rotina é que virou rotina e nos distanciou.
— Você tentou segurar o casamento?
— Até o último momento. Pedi paciência, mais uma chance. Ele e eu sabemos que ainda nos amamos, temos carinho e respeito um pelo outro. Bastaria dizer que diminuiria em 50% meu ritmo de trabalho e tudo estaria bem, mas não vou fazer isso porque não quero ser infeliz. Isso gera frustração e ódio e não quero.
— O trabalho é prioridade na sua vida?
— É. Não pelo dinheiro, mas pelo prazer que sinto. Gosto do que faço, dessa loucura de ter muitas coisas ao mesmo tempo para cuidar, desse turbilhão. Isso é o que me motiva.
— Nada faria com que você abrisse mão de seu trabalho?
— Nada. Deixei tudo por causa do Ayrton (o piloto Ayrton Senna), e o destino me provou da maneira mais trágica possível que estava errada. Depois da morte dele, tive que recuperar minha identidade, meu trabalho. Matei muitos leões por dia.
— As notícias sobre a crise de seu casamento atrapalharam uma possível reconciliação?
— Atrapalharam muito. Um casal comum resolve tudo entre quatro paredes. Por sermos pessoas públicas, tudo é mais difícil. Estou acostumada, só tenho minha mãe para dar satisfação e ela é muito minha amiga. Mas com o Roberto é muito diferente. Ele tem três filhos, duas ex-mulheres, os pais, as irmãs.
— Existe possibilidade de reconciliação?
— Fiz de tudo para que o casamento não acabasse porque sabia que não teria volta. Acabou, acabou.
— Você acha que vai ser feliz sozinha?
— Nunca fiquei sozinha. Não gosto nem de tomar banho sem ter alguém do meu lado. Esse é o meu desafio agora, aprender a ser só. Vou tocar minha vida adiante, sem olhar para trás. Tenho muitas coisas legais para fazer, vou estrear um programa novo, diário, de variedades na Rede TV!.
— Você não pensa em namorar outra pessoa?
— Não agora. Mas acho que minha obrigação é ser feliz neste mundo e no momento certo vou encontrar alguém que possa acompanhar o meu ritmo, se adaptar à minha vida.
— Você é ciumenta? Se o Roberto encontrar logo alguém vai ficar com raiva?
— Sou muito ciumenta, vou sofrer, vou chorar. Mas não sou egoísta. Roberto é um homem maravilhoso, só tenho a agradecer pelo amor que ele me deu, espero que encontre alguém que possa fazê-lo feliz, mas não precisa ser já.
— E sua mãe, como reagiu à separação?
— Ela adora o Roberto, está tristíssima como eu. Mas é minha mãe e me entende. Só para ela conto tudo da minha vida. Seu amor é incondicional.
— Você manteve seu apartamento dos Jardins. Isso gerou rumores de que o seu casamento era apenas fachada, marketing?
— O que eu ganharia com isso? Dinheiro? Tenho o quanto preciso e posso ganhar muito mais fazendo o que gosto. Posso ser imatura, mas sempre fui transparente, não tenho estômago para hipocrisia. Mantive meu apartamento como ponto de apoio para meu trabalho porque fica numa região central. Estou sempre correndo de um compromisso para o outro, preciso me produzir. Se tivesse que ir até o Morumbi, ficaria mais complicado. Minha mãe ficou aqui e estou com ela. Mas vou comprar uma casa muito charmosa para mim. Preciso me tratar bem, dar uma mudada na vida.

Texto: Rose Delfino/ Fotos: Alvaro Teixeira



Roberto Justus
Publicitário diz que fez de tudo para salvar seu casamento com Adriane Galisteu
 

        Os olhos de um azul profundo não conseguem disfarçar a tristeza. Nem a
          mágoa. Roberto Justus (44) está sofrendo com a recente separação de
          Adriane Galisteu (26). O sonho, incluindo namoro, noivado e casamento,
          durou um ano e não foi tão bom quanto cantou em verso o grande Vinicius
          de Moraes. Fazendo um balanço da relação, o publicitário diz que se casou
          apaixonado, que aprendeu muito com a amada e que ainda gosta dela. Mas,
          então, o que aconteceu? Ele mesmo explica: "Você não pode só casar
          apaixonado, tem que construir as bases do relacionamento, o que não
          aconteceu com a gente. Com o tempo, fui ficando cada vez mais sozinho. E
          a pior solidão é a solidão a dois: você tem alguém, mas não pode estar
          junto".
          Foi assim que Roberto começou a questionar o casamento. Depois de vários
          meses de desgaste, ele optou por colocar um ponto final na relação. Pouco
          antes da viagem de Adriane com sua mãe, Emma (58), para Itália e França,
          há 15 dias, o publicitário discutiu o delicado assunto com a mulher. "Acho
          que ela se assustou um pouco com o que eu disse, sentiu que estava me
          perdendo. Mas aí já era tarde demais", diz, seguro da decisão que tomou.
          Ainda abatido, aponta as razões do fracasso: "A Dri é muito dedicada ao
          trabalho e sempre deixou isso claro desde o início. O problema é que eu
          queria uma companheira que pudesse curtir a vida a meu lado e comecei a
          cobrar isso dela". Discreto, caseiro, assumidamente romântico e fiel, Roberto
          conta que passou a encarar a vida de forma mais relaxada depois que
          conheceu Adriane. Os ternos sisudos cederam espaço no guarda-roupa para
          jeans, mocassins e camisetas. Vaidoso, passou a se preocupar ainda mais
          com o físico. Hoje, malha com o mesmo personal trainer da modelo três
          vezes por semana e joga tênis duas vezes na quadra do prédio onde mora,
          no Morumbi, em São Paulo. Está em ótima forma: 87 quilos bem distribuídos
          por seu 1m91. Em recente votação feita por CARAS na Internet, foi eleito o
          publicitário mais elegante com 59% dos votos. Nesta entrevista exclusiva, o
          presidente da NewcommBates do Brasil, uma das dez maiores agências do
          país, e pai de Ricardo (16), Fabiana (12) e Luiza (6) abre o coração.
          — Qual a avaliação que você faz da relação com Adriane?
          — Foi a maior paixão da minha vida, uma relação que me ensinou muito.
          Sempre fui reservado, apesar de minha profissão às vezes exigir que eu
          apareça. Nessa relação, esse meu lado foi totalmente aberto. Esse foi o
          primeiro aprendizado: como lidar com uma vida que não é mais só sua, é
          pública. Não me arrependo, pois fui feliz por um bom tempo.
          — Você chegou a dizer que a Dri era a mulher da sua vida. Ainda
          pensa assim?
          — Cheguei a pensar isso e talvez fosse mesmo. O problema é que a Adriane
          tem só 26 anos e pensa muito na carreira. E eu já cheguei em um estágio
          em que quero aproveitar mais a vida. Sempre trabalhei e trabalho muito, mas
          posso me dar ao luxo de curtir a vida, de preferência ao lado de uma
          companheira a quem possa me dedicar e que possa também se dedicar a
          mim. Nunca pedi a ela que abandonasse tudo para ficar comigo, seria chato.
          Mas estava muito mais do que 100% profissão.
        — Você acha que se precipitaram ao casar cinco meses depois de se
          conhecer?
          — Esse encantamento inicial sem dúvida nos levou a um casamento sem
          passar pelas fases naturais de uma relação. Você não pode só casar
          apaixonado, tem que construir uma base. Se não, o prédio sai torto, como a
          Torre de Pisa. Apesar de ter sido casado duas vezes antes, me deixei levar
          pelo entusiasmo.
        — Você cobrava muito a Dri por ela estar tanto tempo longe?
          — Sim, acho que a sufoquei não por excesso de amor e sim pela falta.
          Comecei a exigir muito dela, que fosse uma mulher que talvez não pudesse
          ser.
          — Os boatos envolvendo vocês atrapalharam?
          — Não, faço questão de dizer isso. As pessoas se sentem no direito de viver
          a vida daqueles que invadem o lar delas. A nossa vida foi aberta para o
          público como um conto de fadas. Diziam que éramos o casal perfeito, mas
          isso não existe, pois temos tantas falhas quanto qualquer um. A Dri é uma
          menina cheia de vida, talvez não tenha amadurecido para uma relação como
          a que queria ter com ela. Ela foi a mulher certa na hora errada.
          — Vocês chegaram a morar juntos aqui, neste apartamento?
          — Ela nunca se mudou para cá 100%. Metade das coisas dela ficava aqui e
          a outra metade no apartamento dos Jardins. Isso foi uma das coisas que
          prejudicou a relação. Fiz esse apartamento para nós e acabei ficando
          sozinho nele. Nunca assumimos nossa casa como nossa casa.
          — O que mais pesou para terminar a relação?
          — Nos últimos seis meses, fui surpreendido com novidades negativas. Tudo
          o que a gente combinava fazer junto não dava certo. Como sou do tipo antigo,
          fiel, que gosta de viver uma relação por vez, me vi assim, só, e sozinho, você
          reavalia as coisas. A pior solidão é a solidão a dois: você tem alguém, mas
          não pode estar junto. Se fizesse uma crítica diria que a Dri acelera muito
          forte, que ela poderia ter renegado algumas coisas menores em favor da
          gente. Comecei a refletir e vi que a relação não estava me fazendo bem.
          Nunca questionei o amor que ela sentia por mim e sim o tempo que ela
          dedicava a esse amor.
          — Em resumo, a relação se desgastou.
          — Sim, ela foi projetada de um jeito e acabou de outro. Não soube lidar com
          a situação, e ela poderia ter se dedicado um pouco mais. Quando falei para
          ela que não queria mais continuar, acho que ela se assustou, não queria me
          perder. Mas o que a Dri estaria disposta a mudar realmente? Acho que ela
          não está preparada para isso. Preferi sair fora agora, enquanto temos
          respeito.
          — Você não acha que a Adriane agiu assim por ser jovem demais?
          — Às vezes não é questão de idade e sim de maturidade. Ela sofreu muito
          para chegar aonde chegou. E, quando a pessoa cresce em cima do
          sofrimento, ela se agarra àquilo que tem, fica quase impenetrável. Eu lhe
          disse que ela não se entregou ao grande amor da vida dela, que ela diz que
          fui eu, por medo. Admiro o seu trabalho, sempre apoiei seus projetos, mas
          não consegui me inserir nesse contexto. Se fosse uma pessoa com menos
          personalidade, talvez me moldasse mais a ela. Mas não consigo viver a vida
          de outra pessoa.
          — Não tem volta mesmo?
          — Nesse momento, não. A decisão dói muito, mas é inquestionável. Esta
          entrevista é a mais triste que já dei, mas estou seguro. Vou até o fim em
          tudo o que faço, fui até onde deu.
          — Em que você tem buscado apoio para superar a tristeza?
          — Nos últimos tempos, acho que não dediquei tempo suficiente para a
          família, os filhos e o trabalho. Agora quero retomar essas três coisas. É um
          momento em que estou me reencontrando, não quero pensar em novas
          relações. Olhando para trás, vejo que tanto a Dri como eu estávamos saindo
          de relacionamentos longos: eu de um casamento de oito anos (com Gisela
          Prochaska) e ela de um namoro de quatro anos (com Julio Lopes). Se
          tivéssemos tido um pouco mais de tempo, talvez tudo tivesse sido diferente.

          Texto: Cristina Zahar/ Fotos: Marcelo Navarro

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